Memória Divina:

Pesquisa e documentação dos hinários raiz da Doutrina do Mestre Raimundo Irineu Serra.

Os Hinários

Os hinários são recebidos do Astral e direcionam os ensinamentos dos estudantes da Doutrina do Mestre Irineu e Rainha da Floresta.

Sobre o projeto

O Projeto “Memória Divina – Pesquisa e documentação dos hinários raiz da Doutrina do Mestre Raimundo Irineu Serra” teve como objetivo realizar um registro da forma de se cantar os hinários da doutrina Amazônica do Daime.

O Mestre Irineu foi o primeiro aparelho da Doutrina a receber, do astral superior, ensinamentos em forma de hinos. Estes hinos são responsáveis pela transmissão dos ensinamentos aos soldados da Rainha da Floresta; eles apresentam instruções para o bom seguimento na estada do Mestre, assim como conduzem a força e embalam os festejos, onde cada um de nós tem a oportunidade de ter acesso aos ensinamentos superiores, contidos na nossa própria consciência Divina elevada. 

No ano de 1971, o nosso Mestre se ausentou materialmente dos trabalhos da Doutrina, com isso aconteceram várias repartições. Pessoas que até então estavam reunidas entorno do Mestre Irineu formaram outros centros e cada um destes foram desenvolvendo formas diferenciadas de cantar e conduzir os serviços da Doutrina.

Nas minhas peregrinações no Acre e Brasil afora comecei a perceber grandes diferenças e este tema se tornou recorrente nos meus estudos desta escola, muitas vezes até sem fazer esforço para esse entendimento, o tema se projetava diante de mim. 

No ano de 2019 comecei a receber instruções para criar a Luzeiro do céu Gráfica & Arte justamente com o objetivo de realizar uma pesquisa e documentação voltada para o tema destes “5 primeiros” hinários.

O edital de Arte e Patrimônio da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour – FEM/AC, com recursos da Lei Emergencial Aldir Blanc, possibilitou a realização deste serviço de salvaguarda dos Conhecimentos Tradicionais relacionados à estes hinários da Doutrina do Daime.

A busca foi por compreender qual seria a fonte que mais se aproxima da forma de se cantar os hinários, assim como eram praticados na época do Mestre Irineu em matéria. Os hinários são: “O Cruzeiro”, “Sois Baliza”, “Amor Divino”, “Seis de Janeiro” e “O Mensageiro”. Na primeira fase, foram realizadas entrevistas com algumas poucas pessoas, contemporâneas da Mestre, que se dispuseram a nos dar mais informações sobre estes tempos primorosos na presença de Juramidã.

Eu também já havia escutado algumas preleições do Padrinho Luiz Mendes do Nascimento, orador do Mestre, falando sobre “zeladores” destes referidos hinários, e este foi o meu ponto de partida na busca por esta aproximação. O livro, “Eu Venho de Longe” (Moreira, 2011) também foi um ótimo auxílio durante as pesquisas.

Dando seguimento, pude compreender que nem mesmo estes hinários tinham os nomes com os quais nós conhecemos hoje, isso já foi uma criação acontecida após o marco de 1971. Os hinários, com exceção de O Cruzeiro, eram chamados apenas pelo nome dos donos dos hinários, sendo respectivamente, Germano Guilherme, Antônio Gomes, João Pereira e Maria Marques Vieira, conhecida na comunidade como, Maria Damião. 

Pessoas simples, muito lutadoras, vindos ao Território do Acre, assim como o Mestre Irineu, em busca de melhores condições de vida cansados de muito sofrer com a seca nordestina e falta de oportunidades. A maior parte deles chegou ao Mestre em busca de cura. Pessoas muito simples, seringueiros, agricultores, carvoeira, vendedores de alimento. 

Voltando aos hinários, na época do Mestre Irineu em matéria ficaram estabelecidos “Puxantes” para os referidos hinários, sendo: Percília Matos, responsável por “O Cruzeiro; Luiz Mendes, responsável pelo hinário do sr. Germano Guilherme; Adália Gomes, responsável pelo hinário do seu pai, Antônio Gomes; Francisco Grangeiro, responsável por puxar o hinário do irmão João Pereira; e dona Percília Matos, secretária do Mestre, responsável pelo hinário da irmã Maria Marques Vieira.

Sendo assim, as gravações utilizadas para a realização deste serviço de documentação da Doutrina do Daime são “antigas” e contam com a participação dos “puxantes” acima citados, o termo “zelador(a)”, já é mais recente, não tendo uma base lá atrás, até onde pude ver. 

Ao longo do processo fui me desapegando do objetivo do “certo ou errado”, é impossível em 4 meses realizar tão grande feito e hoje reconheço que esse é um serviço para a vida inteira, tendo sido iniciado aqui. 

Mesmo pessoas estabelecidas como “puxantes”, foram realizando alguns acrescimentos e transformações nos hinários, um exemplo disto e que na época do Mestre Irineu em matéria os hinos em que se ficavam “em pé” eram 5 ou 6 em um hinário com “132” hinos, e hoje a maior parte das casas pratica de outra forma. 

Enfim, o trabalho continua e nosso sonho é alcançar a universalidade dos ensinos do Cruzeiro, onde todos possamos falar a mesma língua e cultivar as diretrizes que foram estabelecidas pelo nosso Mestre, para que assim possamos ser resguardados com pela força superior, com toda a União e Paz que se fazem necessários para a afirmação deste propósito.